Por Luis Nassif - de São Paulo
A Privataria Tucana tem tucana no nome. Mas investiga
especificamente o chamado “esquema Serra”.
As acusações são individualizadas e se referem objetivamente
a Serra. Amaury o acusa diretamente de corrupção. Se inocente, caberia a Serra
buscar a reparação na Justiça. Não o fará porque um eventual processo
certamente esmiuçaria sua atuação desde a Secretaria do Planejamento de Franco
Montoro, passando pelo relatório Bierrenbach, pelo caso Banespa e pelas
privatizações, além de enveredar pelos negócios da filha no mundo offshore. Só
faltava a Serra, a esta altura do campeonato, uma ordem judicial para abrir as
contas da filha nas Ilhas Virgens.
Se autor da ação, o PSDB pouparia Serra da exceção da
verdade. Mas de qual acusação o PSDB pretenderá se defender? Provavelmente do
fato de Amaury Ribeiro Jr ter imputado a todo o partido os atos obscuros de
Serra.
O PSDB poderá alegar que em nenhum momento as provas apontam
para uma ação orquestrada de partido. Se for por aí, será uma tática esperta,
porém falsa. Espera-se que o juiz reconheça que não há provas de ação de
partido nas maracutaias denunciadas. Depois, dá-se ampla cobertura à sentença,
como se fosse condenação do conteúdo do livro como um todo.
Ocorre que, se a lógica da ação for por aí, o PSDB trará para
si o cálice do qual Serra foge qual o diabo da cruz. Aí se entrará de cabeça na
politização do episódio – o álibi ao qual Serra tem se agarrado como bóia – ,
no questionamento não das propinas supostamente pagas, mas de todo processo de
privatização. O partido entregará de bandeja sua bandeira e, principalmente,
sua única referência política; FHC.
O mais lógico seria PSDB e velha mídia “realizarem o
prejuízo” – como se diz no mercado do ato de vender ações que estão dando
prejuízo sabendo que, quanto mais o tempo passar, maior será o prejuízo
incorrido.
Luis Nassif é jornalista.
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